vi o pai do meu pai poucas vezes na vida. na primeira, me lembro mais do jeito verde e os peitos aconchegantes da minha avó. dele, só os retratos.
depois, quando eu tinha sete anos, ele veio. viúvo. trazia uma mala cheia de presentes especiais com artesanatos, bordados, bonecos e outros brinquedos. a mala, onde também estavam suas roupas, nunca chegou.
fomos viajar. na divisão dos quartos na pousada, as crianças mais velhas ficamos no mesmo quarto que ele. nunca me esqueço quando minha irmã e eu vimos o olho de um urso de pelúcia em cima do criado mudo.
sem saber o que era, sabíamos que não era para falar sobre aquilo.
tempos depois meu pai contou que nem se disse nada quando um dia meu avô pegou um olho castanho emprestado enquanto mandava refazer seu olho azul, réplica daquele perdido nas granadas esquecidas pouco depois da primeira grande guerra.
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