quando criança, vi numa igreja a escultura de um homem que carregava a própria pele. não esqueço a igreja escura, a escultura no alto, iluminada.
meu pai e minha mãe mergulhados na intensa beleza, naquela obra que era arte.
eu, não. eu, pensava na dor. pensava na fragilidade de quem por aí sem pele, músculos e nervos expostos. a carne exposta. a pele nas costas como se carrega um fardo, uma roupa, o couro de um bicho derrotado.
olho o homem de pedra e penso sou eu.
na noite de são bartolomeu - dizem - aquilo que divide desprende-se, delira, à deriva. o horror.
3 comentários:
Sou eu também..
Tomei a liberdade de compartilhar no meu facebook, tudo bem?
O texto é lindo e, como sempre, sem nenhuma audácia ou resquício de modéstia, acho que escreveu para mim...rsrsrs
Um beijo, com saudade!
Lembro bem desse homem carregando a pele nas costas. Prá mim, na época, parecia mais um filme de terror ou coisa parecida. Me impressionou bastante!
O horror.
(E belo texto.)
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