nesse lugar, há um homem que a cada manhã verte feijões sobre a mesa. colheu alguns, comprou outros, outros tantos lhe vieram de presente. trata-os todos do mesmo modo. não quer pedras, não quer milhos, não quer tocos de madeira. quer feijões. e separa-os.
pela qualidade do feijão, adivinha as mãos de quem os plantou. sua serenidade. ou, ainda, o latifúndio onde se assenta a injustiça e o feijão que brota a despeito da terra árida.
não o conheço, nem a cozinha onde a mesa acolhe os grãos inteiros ou toscos ou tortos. não sei seu rosto, não sei sua voz. mas seus feijões, repletos de dicionários, vêm parar em minha mesa. limpos.
nas tardes, junto com outros feijões, verto aqueles sobre a página, outra vez palavras. e o mundo se preenche poeira finíssima de luz.
(visite a máquina de coser palabras)
Um comentário:
adorei ficar aqui um pouco misturada aos feijões da sua mesa. beijo. saudades de voce.
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