9 de dezembro de 2011

o sonho

Quando os relógios da meia-noite prodigarem
Um tempo generoso,
Irei mais longe que os voga-avantes de Ulisses
À regiao do sonho, inacessível
À memória humana.
Dessa região imersa resgato restos
Que não consigo compreender:
Ervas de singela botânica,
Animais um pouco diferentes,
Diálogos com os mortos,
Rostos que na verdade são máscaras,
Palavras de linguagens muito antigas
E às vezes um horror incomparável
Ao que nos pode conceder o dia.
Serei todos ou ninguém. Serei o outro
Que sem saber eu sou, o que fitou
Esse outro sonho, minha vigília. E a julga,
Resignado e sorridente.

(jorge luís borges, a rosa profunda, tradução de josely vianna baptista)

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