2 de junho de 2020

o que me vem ao pensamento ao lembrar de uma chuva tropical

lembrei do dia que fui com meu filho mais velho até o pelezão para fazer exame de saúde para podermos usar a piscina que quase sempre estava fechada mas quando estivesse aberta só poderiamos usar se o exame de saúde estivesse em dia e fomos e era de tarde e depois de passarmos pelo médico – nem lembro do médico nem do exame – lembro que estávamos esperando um pouco porque a chuva que ameaçava era imensa, estas tempestades tropicais o céu cinza escuro cada vez mais baixo raios e trovões e de repente água, muita água e quando a chuva parecia ter amainado, enquanto voltávamos para casa, ao pular a água da enxurrada, meu filho deixou escapar um pé de havaiana, ele estava com as minhas havaianas, não sei por quê, só lembro da havaiana indo na enxurrada como um corpo morto no longo rio, como um tronco de madeira ilegal cortado no escuro da noite transportado mogno para ser móvel nas casas ricas da europa. as águas sujas de sarjeta da cidade, o céu baixo, nuvens densas e escuras, e a havaiana indo como se fosse alguém que a gente amasse.

Nenhum comentário: