hoje faz oito meses que ela morreu. era uma sexta-feira. eram 5:43 da manhã, como é agora.
desde que pari meu primeiro filho penso que a morte se parece com um nascimento, meio às avessas. o susto do momento, depois a expectativa ao observar a vida se fazendo vida, firmando-se. primeiro contamos as horas, depois os dias, completando semanas até chegar a um mês. e então contamos os meses e as primeiras vezes de cada ciclo: o primeiro natal, o primeiro ano novo, o primeiro sorriso, os dentes, os gestos que vão se firmando, as primeiras férias de verão, a primeira grande chuva e chega o primeiro aniversário. e contamos os anos.
quando fiquei grávida não soube bem o que fazer com a ideia de estar preparando alguém e de que este alguém entraria na minha vida de certa forma para sempre. de todos lados ouvi que não me preocupasse porque os meses de gestação nos preparam para esta mudança no mundo, não só do meu mundo, mas do mundo ao redor no presente e no futuro. com o passar dos anos, entendi o que na hora me pareceu insensato.
e agora se completam os oito meses que me prepararam pouco a pouco e um pouco para este mundo presente e futuro que segue girando sem ela.
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