enquanto
dou voltas no apartamento, subo e desço degraus inventados, me sinto um animal na jaula. depois penso que se algum dia
eu voltar a ir ao zoo, vai ser como se eu me reconhecesse em cada bicho. vou me
observando. às vezes penso que estou serena e tranquila. outras vezes sei estou
à flor da pele.
anoto-me.
anoto-me.
***
dentre as anotações, as dos sonhos.
por
exemplo, esta noite sonhei que precisava cuidar de dois chimpanzés filhotes,
que eram irmãos e falavam muito. o lugar era árido, cheio de pedras grandes. na
hora de dormir, os dois ficavam se cutucando e não dormiam. um deles veio
deitar comigo e ficava pegando na minha orelha, no meu nariz e eu, querendo
dormir, segurava a mão pequena do chimpanzesinho, mas ele não parava. então,
apareceu a mãe deles, e enquanto ela falava comigo, olhei para ela e ela tinha
os olhos da minha avó. depois entendi que ela era a minha avó. mas também era
um chimpanzé.
***
o tema da
pandemia também chegou nos meus sonhos. logo depois sonhei com um hospital,
cuidados com doentes, gente que punha travessas de comida em cima das camas
onde os doentes também estavam, todos com máscaras. e angústia.
o bom e o
ruim dos sonhos é que a gente sempre acorda. ou quase sempre.
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